quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Bohinj


Eu fiquei interessada em conhecer Bohinj quando estive em Bled e me disseram que o lago era ainda mais bonito do que Bled, e que lá também tinha um canion (Mostica Gorge) lindíssimo. Tudo isso faz parte do Parque Nacional Triglav (lê-se Tríglau).

Pois bem, quando eu resolvi ficar mais um tempo na Eslovênia, Bohinj se tornou meu foco. Depois de ir a Munique pra participar de um seminário e dar um pulo em Salzburgo (Áustria) na volta, eu segui pra Bohinj, mas como já era tarde e eu fiquei insegura sobre a hospedagem, resolvi parar em Bled porque lá eu já conhecia os hostels e tinha certeza de que saberia me virar àquela hora. Bled é mais turístico do que Bohinj, por isso um pouco mais estruturado.



No dia seguinte, de manhã, segui pra Bohinj, em uma viagem de ônibus ( 3,6) de 30-40 minutos por belas paisagens. Chegando lá, desci do ônibus logo no primeiro ponto junto ao Lago, avistando de imediato um monumento aos 4 bravos homens que primeiro chegaram ao topo do Monte Triglav – o mais alto da Eslovenia, com 2.864m.

Foi o mais perto que pensei que chegaria dos Alpes Julianos! Mas depois a vida me surpreendeu.

Logo na chegada, apercebi que a estrutura do local é muito boa, com cafés, restaurantes e lojas para alugar caiaques, pranchas de Stand Up, bicicletas e outras coisas que seriam muito interessantes se já não fosse outono.

Primeiramente, li as plaquinhas sobre os bravos eslovenos e aprendi que o topo do Triglav foi visitado em 1778, antes do Mont Blanc, na Suíça (o monte mais alto da Europa) e do Everest (Ásia, o monte mais alto do mundo), e que quem financiou esta empreitada foi um empresário de mineração, na esperança de que os gajos encontrassem metais para alimentar suas produções. Por sorte os metais não foram encontrados e o Tiglav ainda está lá, belo e formoso!

Na sequência fui dar uma olhada na charmosa Igreja de São João Batista (que segundo a plaquinha, é a mais fotografada da Eslovênia! Será???).




No ponto de Informações Turísticas me informei do que o lugar tem a oferecer, então vamos lá que vou abrir o jogo:

- Slap Savica – Slap significa cachoeira; acabei não visitando

- Vogel – um ponto 1.500m de alttude que no inverno é uma grande estação de esqui. Chega-se até lá por um teleférico (€ 14)

- Mostnica Gorge – um canion que dizem que é mais bonito do que Vintgar. A verdadeira razão de eu ter ido àquela região, mas acabei não chegando lá

- O lago Bohinj em si

- Os Alpes Julianos, cadeia montanhosa que se vê por toda parte que é linda de morrer!

Neste primeiro dia acabei ficando por ali, dei uma voltinha pra admirar o lago e caminhei até Stara Fužina (lê-se Fugina), região onde se localiza Mostnica Gorge (lê-se Mostnitza). Pensei que eu ia chegar lá, mas não cheguei. Como não decorei o nome do lugar que eu queria ir e lá poucos falam inglês, não consegui informações apropriadas.
Essa história eu vou contar em uma postagem a parte, pra não cansar quem só está interessado nas dicas. Aliás, uma dica é: decore o nome do lugar, porque lá as placas e informações são escassas. Mas tem um outro ponto de informações turísticas ali, visite-o e informe-se (coisa que eu não fiz).

Stara Fužina



Lugar cuo nome esqueci, onde fui arar depois de 1 hora de caminhada



VOGEL

No dia seguinte, vivi uma outra aventura que vou relatar relatada aqui e cheguei ao Vogel, aquela estação de esqui que já citei.
Trata-se de um ponto a 1500m de altitude, de onde se pode subir mais uns 250m andando e, se você der sorte, a temperatura pode cair e você vai ver neve. Aconteceu comigo, e foi simplesmente uma das experiências mais marcantes da minha viagem! Eu vi neve... pela primeira vez!







No topo da subida tem um restaurante com vista panorâmica e pode-se ver o Triglav de muito pertinho! Dá pra imaginar o quanto eu fiquei feliz vendo aqueles três picos cobertos de neve bem pertinho de mim? Ah, sem contar a deslumbrante vista que se tem do Lago Bobinj, que no começo estava coberto de nuvens densas e depois elas foram passear pra deixar a gente admirar aquela lindeza toda.

É absolutamente indescritível aquilo tudo. Sem dúvida, uma viagem à parte.

E como eu fui no mês de outubro e encontrei todo um clima propício, minha tendência é pensar que esta é a melhor época, que tem algumas vantagens: está frio, mas não tanto; não tem tanto turista; o outono tem cores lindas. A menos que você queira mesmo esquiar, aí te recomendo o inverno, claro!
A título de comparação, como eu estive em outros dois lugares que são também estações de esqui, este certamente é o melhor – uma pista de maior extensão e uma ótima estrutura. Eu fiquei em uma casa enorme de 3 andares que abriga 30 pessoas. Abaixo há maiores informações.



SERVIÇO:
Como chegar: De ônibus, de carro.
Vindo de Bled a viagem dura 30-40 min.
De Ljubljana, 2 horas.

Ingresso do teleférico VOGEL/Ida e volta:
Adulto:14,00 €/ Criança: 9,00 / Senior: 12,00 

Onde ficar:
Em Vogel só conheço um lugar, casa bem estruturada para 30 pessoas.
Em Bohinj há várias opções de hostels e Guest Houses.
Em Stara Fužina também há algumas opções.

Onde comer:
Em Bohinj há vários restaurantes, especialmente no verão, mas alguns continuam em funcionamento em outras estações.
Em Vogel há um restaurante na estação do teleférico.
Em Stara Fužina também há algumas opções.

Vintgar Gorge

Fui a Vintgar completamente desavisada. Acordei de manhã em Bled e resolvi alugar uma bicicleta, perguntando ao rapaz que me alugou se ele sugeria algo pra eu visitar, quem sabe uma cachoeira ou algo assim. Ele me disse que tinha um lugar chamado Vintgar a cerca de 3 km dali que era muito bonito e tinha uma cachoeira. Resolvi ir.



O trajeto por si só, como tudo na Eslovênia, já foi um desbunde, com vistas dos Alpes por todos os lados. Mas por um momento desconfiei da minha habilidade pra chegar lá, porque o cara me disse que o trecho era plano (mas Eslovenos são seres da subida, então sempre é bom desconfiar quado eles disserem que é “flat”). Mas tudo bem, a subida é muito leve, mas constante. Sobrevivi! E quando cheguei...



Triglavski Narodni Park: estamos no Parque Nacional do Triglav

Bem, primeiramente, pra entrar em Vintgar é preciso comprar um ingresso que custa 4. Estacionei a bike num bicicletário lotado e adentrei o parque, sem fazer ideia do que me aguardava. A medida que eu avançava na paisagem, ia ficando mais e mais surpresa. É simplesmente lindo! Uma experiência única, mágica, inesquecível pra mim, que nunca tinha visto esses desfiladeiros e nunca tinha estado perto de formações rochosas tão altas! Saí de lá com uma certeza: é o lugar mais lindo que já vi na minha vida!


Adoro a cor das águas da Eslovênia!

Gorge significa Desfiladeiro, ou Garganta (geologicamente falando), em inglês. O lugar foi descoberto em 1891 e logo iniciou-se sua exploração turística, que atualmente cresce a cada ano. E também não é pra menos: nos seus 1,6km de beleza, com o Rio Radovna passando entre as montanhas rochosas Hom e Bort, a cada passo dado é um deslumbramento.

Existem duas entradas para a atração: uma pela cachoeira e outra no sentido contrário, que foi onde eu entrei.

Todo o trajeto é sobre pontes de madeira ladeando as rochas, e a cada metro andado uma nova paisagem deslumbrante se descortina. Quando eu pensava que a fenda estava acabando, ainda via mais e mais curvas de pedra a minha frente.


Sem contar com as águas do Radovna, que tem aquele tom típico das águas da Eslovênia, um verde translúcido que me impressionou e encantou muito. Em um ponto do trajeto próximo do fim, você vai passar debaixo de um arco de pedra de cruza a trilha a 33,5m de altura. O arco faz parte do trajeto do trem de Bohinj, foi construído em 1906 e parece estar desativado.

Chegando ao fim do caminho, uma cachoeira de 13m nos brinda com sua discreta beleza. Eu confesso que, como cuiabana que sou, crescida entre as 'cachus' da Chapada dos Guimarães,  não me encantei especialmente com a cachoeira... Mas “tudo vale a pena quando a alma não é pequena” - como já dizia Pessoa - especialmente porque cachoeira de um lado e Alpes Julianos do outro não é pra qualquer um, né...



Apesar de o caminho ser o mesmo, a ida e a volta são passeios diferentes, por causa do ângulo em que se vê a mesma coisa. Também é posível não fazer ida e volta, se você tiver como sair dali pelo outro lado. Vi grupos de excursão que o ônibus deu a volta e os pegou lá na cachoeira (um alívio, porque gente demais, sabe como é, né...).

Pra finalizar este meu relato, só vou te fazer três recomendações:
1.       Não deixe de ir. Vintgar é incrível!!!
2.       Não vá com pressa. A riqueza de detalhes é tão grande que mesmo que você não seja uma pessoa tão contemplativa quanto eu, seus olhos e seu coração vão te pedir pra dedicar mais atenção ao formidável espetáculo da natureza que você está presenciando.
3.       Lixo é no lixo, né? Respeite o santuário que você está pisando e leve embora com você o que não combina com a natureza.

Só pra fechar, uma informação pra você que está lendo entender o quanto eu gostei de Vintgar: já quase no final do trajeto de volta, resolvi uma coisa: cancelei a minha ida a Barcelona, que seria uma semana depois, porque eu t-i-n-h-a que ficar mais tempo naquele país que é tudo de bom! Se você ler os róximos relatos vai entender porque esta foi a melhor escolha da minha viagem. 
Fato é que, já no restaurante que parei pra comer antes de voltar pra Bled, eu pedi a senha do WiFi e cancelei a minha reserva de hospedagem. Sorte que eu não tinha comprado as passagens, porque ia perder ainda mais dinheiro!!!

Eu não gosto de criar expectativas sobre alguma coisa, porque geralmente a frustração é grande. É possível que você não se impressione tanto quanto eu... Mesmo assim, faça seu relato nos comentários!

Aqui seguem umas imagens dessa aventura:





SERVIÇO
Onde fica: a 4 km de Bled
Como chegar:
- de ônibus convencional (tem um saindo de Bled, mas não tenho maiores informações a respeito);
- de carro;
- de bicicleta: pedalada leve, com leve e constante subida na ida, um pequeno trecho mais íngreme. Na volta, o início é bem puxado mas é fácil empurrar a bike, em compensação depois quase não se pedala até chegar a Bled.
Ingresso: 4 euros
Pra comer: nas entradas da atração tem snacks, cerveja e água à venda. Próximo à entrada oposta à cachoeira tem um restaurante muito bom e, pra variar,  barato.
Onde ficar: Vi que tem uma Guest House no mesmo restaurante onde comi
Site oficialhttp://www.vintgar.si/gorge.html (versão em inglês)