terça-feira, 3 de maio de 2016

Fazer amigos é a melhor parte da viagem - 2

    Claro que eu não podia deixar de escrever sobre as pessoas maravilhosas que encontrei na sLOVEnia, né!!! Não é à toa que esta é a segunda postagem sobre o assunto. A primeira está a seguir.

     Durante 5 semanas na Eslovênia (Setembro/Outubro de 2015), vivi experiências incríveis e aprendi muito sobre a arte do encontro e amizades inusitadas que deram um brilho super especial à minha aventura.

  Depois de ter ficado duas semanas na Fazenda Kostanje na cidade de Sevnica (lê-se Sêunitza) convivendo com a Família Kruštin (Borut, Lucia, Tilen, seres adoráveis que me acolheram para uma experiência de WWOOFing, como eu já disse nessa postagem, fui pra capital do país onde a Alenka Banic, irmã do amigo de um amigo, me recebeu com todo o carinho e a confiança da vida. Sua casa me serviu de base para idas e vindas pelo país durante quase 3 semanas e ela se tornou uma grande amiga.

   Aliás, Alenka merece meu mais especial agradecimento! Querida parceira companheira paciente que me levou pra Velika Planina; me apresentou o Restaurante de comida Iuguslava pra comer čevapčiči e burek; me emprestou a bike; gastou horas e horas tentando arrumar carona pra eu ir pra Munique, etc etc... 



Graças a ela, fiquei 3 semanas rodando pela Eslovênia, e muitas coisas interessantes me aconteceram, muitos encontros mágicos e histórias que eu adoro relembrar e contar!


Vesna, a eslovena que ama os brasileiros




   Na primeira vez que fui ao Castelo de Ljubljana, uma dificuldade me conduziu a um desafio da comunicação: as placas de indicação de localização não são bilíngues! Com isso, na hora de voltar pro centro da cidade, tive que ficar algum tempo ao pé de uma placa esperando que alguém chegasse para me dar uma orientação.




   Foi então que apareceu uma moça, perguntei a ela, e como ela estava indo para o mesmo lugar, descemos conversando. Claro que a perguntinha básica foi feita: "De onde você é?" e quando eu disse que sou do Brasil ela quase morreu de amor (hahha) porque tem um grande amigo brasileiro e tem vontade de conhecer o Brasil e tal e coisa... Andamos muito no centro da cidade, e ao final trocamos contato, nos encontramos mais vezes, ela me deu muitas dicas interessantes e até hoje nos falamos.

   Vez em quando eu recebo um e-mail dela com uma foto de uma paisagem bonita que ela viu e lembro de mim. Ah, e as fotos de neve em Ljubljana...


O escritor brasileiro em busca de inspiração

   Num outro dia, um rapaz me perguntou, numa esquina, qual era o nome daquela rua, e eu não sabia mas fiquei ali na esquina com ele até encontrarmos alguém mais conhecedor do local pra ajudar. Papo vai, papo vem, ele me diz: “I’m from Brazil”, e eu respondi, com o sotaque meio carioca que adquiri qdo morei no Rio: “Tá de sacanagem!”.

   Conversamos mais um tempo naquela esquina até alguém elucidar a questão e ele e seguir o caminho dele para o hostel. Aliás, eu conhecia aquele nome de Hostel, já tinha passado por ele... Fiquei intrigada, e no dia seguinte, pimba! No caminho pro mercado, exatamente na rua atrás da casa onde eu estava, dou de cara com a placa do Hostel. Entendi aquilo como um sinal de que eu deveria ir lá e procurar pelo brasileiro (que eu nem sabia o nome) pra saber se ele queria ir comigo pra Bled ou Postojna (eu ainda não sabia pra onde ia). Entrei. E o encontrei. E convidei. E ele topou. Saímos meia hora depois rumo a... acabamos resolvendo ir pra Bled.


   No caminho eu soube que ele se chama Filipe Rangel, é escritor e estava viajando em busca de informações vivenciais pra escrever seu novo romance. Tivemos bons papos e foi muito bom falar português depois de quase 2 meses sem me comunicar no meu idioma! :D


   Em Bled conhecemos uma moça da Coreia (não sei qual Coreia), que se juntou a nós quando nos perdemos na subida pro Castelo. Lembra dessa história? Já contei aqui em outra postagem.


   Quem sabe em breve vou ao lançamento do livro do Filipe Rangel, né? Ah, quem sabe até eu me veja no livro, vai que...


Uma carona pra Postojna que me levou a Piran

   Piran fica na Costa da Eslovênia, no Mar Adriático. Era o único lugar mais turístico do país inteiro que eu não tinha visitado ainda. E nem ia visitar, porque já era o meu último dia, e Veneza me aguardava (snif, snif!). Ja tinha me conformado com a ideia de que Piran ia ficar pra próxima viagem (porque eu vou voltar à Eslovênia, ah se vou!)

   Eu estava no Castelo de Predjama e precisava voltar à cidade de Postojna pra pegar as malas e ir pra Veneza. E como não havia ônibus fazendo os 9 km por ser baixa temporada (outono), o jeito era pegar carona mesmo! Sentei na mureta pra olhar o Castelo e me despedir: foi bem difícil, te juro, dizer "Tchau, Eslovênia!".

   Mas bola pra frente, respirei fundo e fui pra estrada pedir carona. Bastou uma tentativa (a carona mais rápida da história) para um casal de Espanhóis parar. Eu mal podia imaginar, mas conversando daqui e dali, eles disseram que estavam indo para... Piran! E mais: de cara, me convidaram pra ir junto. E adivinha? Claro que eu aceitei, né?

   Eles toparam passar no meu Hostel, onde as minhas coisas já estavam na recepção a minha espera e eu peguei tudo rapidinho e... pegamos a estrada.

   Só tinha um "probleminha": eles iam passar em Hrastovlje, um vilarejo que tem uma Igreja da Santíssima Trindade cujo interior esconde um tesouro: afrescos pintados por Johannes de Castua em 1490 e que ficaram escondidos, não se sabe desde quando, até o ano de 1949, sob espessas camadas de gesso. Dentre os afrescos, o grande destaque é a Dança Macabra, que mostra membros de todas as camadas da sociedade (Médico, Sacerdote, Mendigo, Rei) sendo conduzidos pela implacável Sra Morte do berço ao túmulo. Um verdadeiro tesouro que eu nem imaginei que existisse!

   Pois bem, veja você que problema eu arrumei, hein! Fui obrigada a passar por este lugar...





Afresco A Dança Macabra, pintado em 1490 por Johannes de Castua


Cristina e Irineo, os anjos que me levaram por caminhos inusitados

E depois disso seguimos para Piran. Que lugar aconchegante! Uma cidadezinha onde não se entra de carro, só a pé, que tem cara de Itália (eu ainda não tinha ido lá mas sabia que era parecido) e que, na verdade, há muitas décadas, pertenceu à Itália.

Ah, o mar... fazia 2 meses que eu não o via!




Foto: Irineo


   Ao final do dia, essas pessoas lindas - Cristina e Irineo - me levaram a Koper até um ponto de taxi, e enquanto o Irineo me ajudava com as malas, a Cristina conversou com o taxista, negociou um bom preço para a corrida até Trieste, na Itália, de onde eu seguiria para Veneza.



   E pra fechar com chave de ouro...

   O taxista era um fofo! Um senhorzinho que foi o trajeto todo (cerca de meia hora) me contando histórias de quando Piran era parte da Itália e etc etc... Chegando na estação de trem de Trieste, ele entrou comigo, me acompanhou na compra da passagem, porque se não tivesse trem para aquele dia ela ia me ajudar a procurar um hotel que não fosse (muito) caro. Percebi que ele não ia me deixar enquanto eu não estivesse com tudo resolvido. Uma simpatia e boa vontade sem tamanho! Ainda bem que tinha trem, e antes da meia noite eu estava chegando em Veneza - e aí já foi outro capítulo da minha saga!

    Êta dia longo e danado de bom, sô!

   E a Mercedes Sossa volta a ecoar nos meus pensamentos: "Gracias a la vida que me ha dado tanto..."
   GRATIDÃO SEM FIM!

Fazer amigos é a melhor parte da viagem - 1

VOGEL: uma história sobre estar disponível para as propostas da vida (que é diferente de deixar a vida me levar)

  Eu estava em Bled e era o meu segundo dia depois de voltar da Alemanha. Resolvi que iria a Bohinj de novo com o objetivo era ir à Slap Savica e depois Vogel - sendo este propriamente o meu maior interesse. O motorista do ônibus não entendeu quando eu disse: 
I want to go to the Waterfall.” (Eu quero ir à cachoeira)
E me respondeu:
- Sorry, my English is not so good”. (Desculpe, meu inglês não é muito bom).
- Waterfall. - Eu repeti, como se ele fosse obrigado a entender pelo menos “Cachoeira”.

   A moça de Singapura, única passageira do ônibus, sentada na primeira poltrona, tentou ajudar: “Savica”. E eu me lembrei do nome e disse: “Yes, Savica!”. “Oh, ok”, o motorista respondeu. E lá fomos nós, para Savica. Mas na verdade queríamos ir a Slap Savica, pois Slap significa Cachoeira, ou Waterfall. Só que a essa altura da conversa nós não sabíamos que fazia diferença.
   Pois bem, pela estrada afora, nós papeamos e ficamos melhores amigas de infância. Seu nome era Kay, muito viajeira, um poco tímida e bastante simpática.
Conversa vai, conversa vem, o ônibus para e o motorista diz: “Savica!”. E engatadas no meio da conversa, nem pensei, desci. Descemos.
  Chovia, e eu não tinha guarda-chuva nem capa. Olhei ao redor e constatei:
- Estamos no lugar errado.
- Como você sabe?
-Eu vim a Bohinj ontem e deveríamos passar pelo lago e descer depois dele. Ainda não passamos pelo lago.
 - Tem certeza? Vamos confirmar.

   Antes de encontrar alguém pra perguntar onde estávamos, vimos uma placa: “SAVICA”. Ahhhhhh... Savica não era só o nome da Cachoeira, era também um lugarejo no meio do nada!!!
Rimos muito, mas muito mesmo, da situação: estávamos perdidas!!!

   Quando encontramos um homem naquele lugar fantasma (leia-se 'invadimos uma casa pra pedir informação'), ele nos disse que Slap Savica estava a 10 míseros quilômetros dali! U-lá-lá! E o ônibus? Passa de hora em hora, ou seja... Lascou-se!

- Ótimo - eu disse. - Vamos pedir carona!
- Carona?
   Ela ficou desconfiada, mas eu comecei a contar minhas histórias de carona e de como é legal porque conhecemos gente nova e tal e coisa...
    Ela me ofereceu uma carona num pequeno guarda-chuva vermelho e nos esprememos solidariamente debaixo dele no suposto ponto de ônibus descoberto.
   Os carros na estrada nos ignoravam... Até que... a mágica acontece! Um casal para, pergunta pra onde vamos, e nos leva. No meio do caminho, descobrimos que eles estão indo para Vogel – uma montanha a 1500m de altitude de onde se pode ver o Triglav. O meu objetivo maior do dia era ir pra lá, porque havia uma possibilidade remota de ter neve.
   E qual não foi a minha surpresa quando eles nos convidam pra ir pra casa deles no alto do Vogel??? Ah..... era presente de Deus! Mas calma, precisava observar melhor a situação, ponderar se eles eram confiáveis. Mas eu sou assim, uma vez que eles pararam, pra mim já é sinal dos céus de que devo confiar. Por que a Vida, essa magestosa Rainha que sempre me provê com as melhores coisas, permitiria que uma má pessoa parase pra mim na estrada?
   E foi assim que bastaram 9 minutos de conversa pra eu me convencer que deveria ir com eles pro Vogel. Convenci  minha mais nova amiga de que deveríamos aceitar a oferta, e depois iríamos na cachoeira se desse tempo - pra mim não faria a menor falta, na verdade! E não fez mesmo...
Ah, deixa eu apresentar o quarteto recém-formado:

Darinka, Kay, eu, Klemen

   Subimos a montanha num Bodinho Aéreo (Cable Car) e fomos informados de que talvez de fato haveria neve num pico 300m acima do platô inical. Chegamos na casa deles, e entre muitas conversas animadas, comemos e bebemos como se fôssemos velhos amigos. Foi mágico!


   Eu e a Kay deixamos a casa e fomos pro tal pico.


   No meio do caminho, um grupo nos disse que não devíamos perder tempo indo até lá, não ia nevar. Fomos confiantes e... no meio do caminho os primeiros flocos nos alcançaram! E a medida que subíamos, a neve se adensava. Sim, estava nevando!!!



   Não dá, não tem palavra pra descrever tudo o que se passou ali, a nossa alegria, duas crianças, eu que nunca tinha visto neve, ela que tinha visto poucas vezes e era fascinada... Duas crianças, enfim! Brincando na neve, cantando e agradecendo àquela força mágica, poderosa que tinha nos conduzido até ali e que nos brindava com aquele espetáculo que, tínhamos certeza, estava acontecendo especialmente pra nós. Era um presente, só podia ser! Entre risos, cantos e flocos de neve, tendo os Alpes Julianos como testemunhas, nós nos divertimos muito, muito, muito!

Como evitar este clichê na minha primeira experiência na neve?

   E quando voltamos pra casa, recebemos a notícia de que o Cable Car tinha parado de funcionar e não poderíamos descer naquele mesmo dia. Por mim, tudo bem, eu já até tinha esquecido que tinha que descer, eu já até tinha aceitado o convite pra passar a noite. Mas pra minha nova companheira, estava faltando aquele empurrãozinho do destino. Ficamos. Comemos. Bebemos vinho e rimos muito com nossos novos amigos. Na manhã seguinte, um sábado lindo, o sol derretia a neve mas o chão ainda estava branquiiiiinho!!! Lindo, lindo, lindo!



   Subimos de novo pra contemplar os Alpes e a vista do Lago Bohinj, que com seus 12km de circunferência, é resultado do derretimento do gelo que cobria toda aquela paisagen alpina em priscas eras. Ora, se isso não serve prum ser humano ser eternamente grato à vida por toda a existência, se não serve pra nos depararmos com a nossa insignificância (no bom sentido, no sentido de quebrar a nossa arrogância e prepotência de seres superoderosos e donos do mundo, de sermos mais gratos à Mama Gaia por nos acolher no seu seio)!!!

   Coincidentemente e não por acaso, fiz duas fotos exatamente no mesmo lugar, uma antes e uma depois da neve.

Sexta à tarde

Sábado de manhã

   Naquelas montanhas geladas, entre o frio da neve e o calor da calefação e daqueles corações (pode ser clichê mas é fato), nossas conversas nos ajudaram a abrir corações, desaguar emoções, aprender sobre nós, questionar sentidos de vida. Naquelas poucas horas, crescemos ali, juntos, naquela partilha mágica que nenhum de nós haverá de esquecer. Um presente completo da vida! Pra sempre.
    E Mercedes Sossa vem mais uma vez cantar ao meu ouvido: “Gracias a la vida que ma ha dado tanto...” Ganhei neve, ganhei amigos, ganhei ainda mais amor pela vida. Gracias, gracias, gracias!

   Fechando a aventura, na hora de voltarmos pra Bled, eu agradeço à minha parceira por esta aventura:
- Obrigada pela presença, pela parceria. Obrigada por estar aberta.
E ouço como resposta:
- Obrigada por me ajudar a me abrir.
... Sem mais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Olá!


Já faz mais de 3 meses que eu passei pela Eslovênia e ainda não consegui escrever sobre tudo o que vivi lá.

Felicidade completa: com o Triglav atrás de mim e no meio da neve, pela primeira vez.

Foram 05 semanas incríveis, contando 2 em uma Fazenda Orgânica trabalhando pelo WWOOF (World Work Oportunities in Organic Farms, ou seja, trabalho em Fazendas Orgânicas em troca de hospedagem e alimentação). e 3 explorando quase todos os principais pontos de interesse em um ritmo devagar, contemplativo e intenso.

Como eu sou uma apaixonada pela natureza, eu simplesmente amei cada centímetro daquele país onde por onde se olha se vê beleza.

Tudo começou na Fazenda Kostanje (lê-se Kostânie) na cidade de Sevnica (lê-se Sêunitza), depois fui pra capital, depois fiquei indo e voltando e visitei: Velika Planina, Bled/Vintgar, Bohinj/Stara Fužina/Vogel, Postojna (lê-se Postôina) Predjama  (lê-se Prediâma), e quando pensei que tinha acabado, uma carona inesperada me levou à cidade de Piran, na costa Eslovena.
Conheci pessoas incríveis e vivi os melhores capítulos da minha viagem que durou 3 meses no total.

Predjama Castle: imperdível!

Mesmo não tendo ainda conseguido atualizar e concluir os meus relatos, convido os amigos que tiverem curiosidade a darem uma olhada aqui e conhecer um pouco dessa história.

Se você vai viajar pra Europa e não fechou o roteiro, inclua a Eslovênia, um país que além de lindo, é também barato e tem um povo maravilhoso, atencioso, prestativo... Enfim, tudo de bom!

Ah, aos poucos vou escrever mais e mais, vou contar como é a comida, o idioma e a história.

Mas de antemão te conto que  a Eslovênia fazia parte da Iugoslávia e foi o primeiro país a se tornar independente, em um  processo amistoso que durou 10 dias. O fato de não ter havido conflito permitiu ao país que se mantivesse intacto, ao contrário de seus vizinhos que sofreram pra se tornar independentes. O país possui a segunda maior área preservada da Europa.

Da capital Lubliana (Ljubljana em Esloveno) é fácil ir a qualquer lugar.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Caverna de Postojna, Castelo Predjama, Green Karst


Postojna

Estalactites poderosas da Caverna de Postojna


Postojna (lê-se Postôina) foi o útmo lugar que visitei. Lá se encontram a Caverna de mesmo nome e o Castelo Predjama (lê-se Prediâma).


Me despedi de Ljubljana e saí com destino a Postojna no ônibus das 13:30 e cheguei quase 15:00 na cidade, que me impressionou muito pela sua estrutura. Pensei que era um lugarejo que só tinha a Caverna (Postojnka Jama) e, 9km além, o Castelo. Mas me enganei, cidade em si merece uma atenção maior e a região, como eu descobri aos poucos, é riquíssima.


Chegando à cidade me dirigi a um posto de informações turísticas para perguntar onde tinha um Hostel, restaurante e o que fazer para terminar o dia, já que não ia dar pra ir a lugar nenhum àquela hora.


O atencioso rapaz (adorável como todos os eslovenos que eu conheci) me indicou o Karst Museum. Você sabe o que é Karst, ou Carste/Carso ? Eu não sabia e me apaixonei!




KARST MUSEUM

O que é Karst
“Carstecarso ou karst, também conhecido como relevo cárstico ou cársico ou sistema cárstico ou cársico, é um tipo de relevo geológico caracterizado pela dissolução química (corrosão) das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas, tais como cavernas e etc.”
(Fonte: Wikipedia)

Basicamente, um processo químico faz com que a água se torne ácida e corroa as rochas - água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...

E o museu? Um rico acervo geológico com explanações bem didáticas sobre o assunto. Tudo o que você precis asaber está lá. Eu aprendi, por exemplo, que as estalactites e estalagmites das cavernas crescem 1mm por ano, e isso me fez ficar ainda mais encantada com esse fenômeno geológico.

Aprendi também que aquela região tem mais de 12 mil cavernas, e a cada semana se descobrem mais duas u três. O ue eles chamam de caverna, neste caso, são galerias subterrâneas que não necessariamente são caminhos horizontais - apenas buracos, pra ser bem simplista! Mas são todos catalogados e estudados, porque novas conexões vão sendo descobertas e a pesquisa é infindável!

Conversando com o Primoz, diretor do Museu, aprendi que o estudo dessas formações geológicas começou naquela região, e no mundo todo os termos tem nomes de origem eslovena. Um mapa mostra todos os pontos com Carste ao redor do mundo – e muitos estão no Brasil!


Cavernas do Green Karst
Se você gostar muito de cavernas, vá ao Green Karst com bastante tempo e visite outros pontos de interesse da região, como a Caverna Križna (lê-se Krijna), bem menos comercial e, segundo os locais, incomparavelmente mais interessante – além de muitas outras! Eu fiquei com muita vontade de voltar pra explorar sem pressa. Minha próxima visita à Eslovênia vai começar por ali.


Caverna de Postojna  (Postojnska Jama)





A maior e mais famosa caverna da Eslovênia, mais explorada comercialmente e mais visitada da Europa, tem 24 km de galeria, com uma temperatura média constante de 18 graus – faça chuva ou sol, inverno ou verão, não muda muito, porque ali debaixo da terra é um mundo à parte, sem comunicação com o exterior.



A maior parte do passeio é feita em carrinhos sobre trilhos. Como em toda caverna desse porte, somos obrigados a usar capacete para segurança e só entramos em grupos acompanhados por guia especializado. Na entrada somos divididos por idioma e eu fiquei no grupo de inglês. Os idiomas não contemplados podem solicitar um áudio-guia (novidade: a partir de 2017 eles terão áudio-guia em português!).

Informação relevante: os friorentos desprevinidos podem alugar casacos pra se proteger do frio lá.

Após percorrer bons quilômetros no trenzinho, descemos do mesmo e andamos 1km na maior das galerias. Aí sim vem a maior graça do passeio, que é estar pertinho daquelas estalactites e estalagmites gigantescas, que ao longo de milênios se encontram e formam colunas. As esculturas nos tetos, paredes e chão são um espetáculo da natureza.

Infelizmente a câmera do celular não é muito boa quando a luz é falha, e não é possível fotografar com flash lá dentro. Meu senso de respeito não me permitiu burlar a regra.











   Como estávamos num período chuvoso, a água pingava sem parar, colaborando para o aumento daquelas formações em 1mm por ano. E pensar que tudo aquilo ali começou a se formar há bilhões de anos! E pensar que nós, seres humanos, somos tão, mas tão insignificantes e estúpidos, que chegamos há poucos milhões de anos e já transformamos pra pior tudo o que a natureza construiu em tão longos períodos de existência! Ahhhh.... mas isso é uma outra história!

   Cavernas dessa grandeza nunca foram habitadas por homens, porque a falta de luz torna inviável tal feito. Como acender uma fogueira lá dentro?

  Mas o local é habitado, dentre outros seres, pelos misteriosos Proteus, um tipo de salamandra cega típica de cavernas nessa região da Europa. No final do passeio avistamos alguns em um aquário com luz infravermelha. Como seu habitat é o escuro, não podemos fotografar com flashes pois isso afetaria seu ciclo natural de vida.


Proteus: salamandra cega do tamanho de uma lagartixa. Acreditava-se que seria um filhote de dragão (cuja mitologia está muito ligado à história eslovena, especialmente de Lubliana). Fonte da imagem: www.earthtouchnews.com

   Não deu muita graça vê-los ali em exibição! Quem quiser ver mais, ali no complexo da caverna tem uma espécie de zoológico dos Proteus. Não visitei.

   Do lado de fora da caverna há um complexo de atrativos que são até ineressantes. Um rio cercado de árvores e caminho entre elas nos convida a um passeio em família ou amigos e o Parque da Aventura, onde se pratica arvorismo, é uma boa pedida para as crianças de todas as idades.



Além disso tudo há algumas opções para se comer e, claro, muitas lojas de souvenirs.
Saindo da caverna, comi em um dos muitos restaurantes que há por ali e parti para o Castelo. Era o meu último dia na Eslovênia e eu não podia ficar de bobeira.


Trajeto para Predjama Castle



   A distância entre Caverna e Castelo é de 9 km. E como estamos falando de Eslovênia, nem pense em um trajeto plano! Ali é tudo subida e descida mesmo... E, claro, muitas curvas, irmãs inseparáveis do sobe-desce! Por isso, desisti de alugar uma bicicleta. Então me restavam duas alternativas: 1- Pegar um taxi que custa 30 euros pra ir e voltar; 2 – pedir carona.
   Adivinha? Fui pegar carona, claro!!!
  Não demorou muito para um casal de viajantes (uma estadunidense e um italiano gato) pararem. A conversa no caminho foi muito animada e os 9km passaram rápido.
No verão (junho a setembro) o ingresso de 30 euros inclui o traslado entre os dois pontos. Pegar carona foi muito mais legal!


Predjama Castle (Predjamski Grad)


Entre um arco de pedra e um penhasco, o Castelo de Predjama impressiona pela sua grandeza!



Uma das coisas que eu mais queria ver no país era esse castelo – imponente e belo, ele é uma das maiores atrações eslovenas.

Construído em estilo Gótico pelo Patriarca de Aquileia no século 13, ele foi mencionado pelao primeira vez nos registros historicos n ano de 1274. Construído abaixo de um arco de pedra e sobre um penhasco de 123m te altura, o local era estrategicamente seguro para abrigar seus moradores, mas no quesito conforto deixava bastante a desejar. Suas paredes se confundem com os blocos de pedra da caverna, e não parecia ser nem um pouco aconchegante, especialmente no inverno.


Paredes que se confundem com a própria caverna

O único Castelo que vi com essa entradinha tipo Castelo de Grayskull (do He-Man): A-DO-REI!


O ribeiro Lovek, visto de dentro do Castelo

A visita dura cerca de 2 horas e no ingresso está incluído o Guia de Áudio, que dentre outras línguas tem Inglês e Espanhol. Eu peguei o de Inglês mas no final pedi pra me emprestarem um configurado em Espanhol pra poder ouvir um ou dois áudios que ficaram pra trás sem entendimento. E valeu a pena!


Ah, dentro do Castelo não tem água pra beber nem banheiro (só o famoso banheiro onde o Erazem foi assassinado, mas infelizmente nem aberto pra visitação ele está). Resolva isso na entrada pra não ter que descer e subir todas as escadas do Castelo numa emergência. É difícil dali de dentro com pressa, hein!



Erazem de Predjama


O mais importante ocupante do castelo foi o lendário Erazem de Predjama, um guerreiro que viveu ali no século 15. Ele era uma espécie de Hobin Wood que foi fugiu para Predjama para não ser punido por de ter matado um parente do Sagrado Imperador Romano Frederico III. Lá se aliou ao rei Matthias Corvinus, da Hungria, para começar a atacar o Estado de Habsburgo. Erazem foi assassinado devido a uma delação de um funcionário do Castelo, mas antes levou a fama de ter pactos sobrenaturais quando o castelo passou meses cercado e seus habitantes não morreram de fome. O segredo foi descoberto muito tempo depois: uma passagem secreta na parte traseira do castelo conduzia a um pomar onde se coletavam frutas frescas!

A passagem secreta de Erazem

Serviço

Como chegar (de ônibus): 
De Ljubljana: 1h20m de viagem (€ 7,90)
De Trieste (Itália): aprox. 1 hora de viagem (não consegui saber o valor)

Como ir de Postojna para as atrações:
Karst Museum - caminhada de 200m da estação rodoviária
Caverna - 1 km de caminhada a partir do Centro de Postojna
Castelo - 9 km da Caverna.
No verão há traslado incluído no ingresso.
Outras épocas: carona ou taxi (€ 30 ida e volta, e o taxista fica te esperando)

Onde comer:
Na cidade de Postojna há uma grande variedades de comida e lanches.
Na Caverna há também bastante restaurantes
No Castelo as opções são mais escassas, tem apenas uma lojinha com salgadinhos básicos e bebidas

Onde ficar: 

Em Postojna há uma boa estrutura de hotelaria e pelo menos dois Hostels.

Ingressos:
Caverna de Postojna - € 23,90
Castelo de Predjama - € 11,90
Combo Caverna + Castelo (inclui traslado no verão - verificar datas exatas) - € 31,90